Nesta quarta-feira (26), Hunter Biden, filho do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, retirou a confissão de culpa por crimes fiscais que havia pactuado com promotores. A retirada ocorreu, porque não havia garantia de que ele seria inocentado em outras acusações.
O filho do presidente voltou atrás e se declarou inocente em uma audiência realizada em um tribunal federal em Wilmington, no estado de Delaware, depois que a juíza do caso questionou a validade de um acordo no qual ele reconheceu não ter declarado rendas de 2017 e 2018 às autoridades fiscais.
Esse acordo incluía a isenção de acusação em outro indiciamento, por posse de arma de fogo, que é ilegal nos EUA no caso de uma pessoa com vícios.
A audiência foi repleta de interrupções e reviravoltas e terminou sem um acordo final e com Hunter Biden pedindo para mudar a confissão.
O filho de Joe Biden compareceu à corte para se declarar culpado de dois crimes fiscais de contravenção, e os promotores, por sua vez, cumpriram o acordo e pediram liberdade condicional para ele.
O acordo incluía a renúncia da promotoria de levar Biden a julgamento em outro caso no qual ele também é acusado, o de possuir uma arma de fogo apesar de ter problemas de dependência, o que poderia levar a uma sentença de vários anos de prisão.
No entanto, a juíza encarregada do caso e que deve proferir a sentença, Maryellen Noreika, nomeada pelo ex-presidente Donald Trump, expressou dúvidas durante a audiência sobre se o acordo poderia incluir a imunidade de Biden no caso de posse de arma de fogo.
Por esse motivo, o acordo foi momentaneamente quebrado e ficou em suspenso até ser examinado pelas partes e pela juíza. Em seguida, foi colocado novamente sobre a mesa, embora com uma nuance: apesar de esse acordo incluir crimes fiscais, posse de armas ou uso de drogas, ele não isenta Biden em outras investigações.
O que parecia que seria encerrado com esse acordo finalmente terminou com o filho do presidente se declarando inocente, já que sua imunidade total não foi garantida. Os promotores pediram tempo para analisar o caso antes de apresentar outro acordo ou prosseguir com a acusação.
Segundo a rede de televisão CNN, durante a audiência a juíza expressou dúvidas se a investigação dos promotores havia sido suficiente ou se era mesmo necessário reiniciá-la.
O promotor David Weiss, que foi nomeado por Trump e mantido por Biden no cargo, liderou a investigação.
Em sua coletiva de imprensa diária, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, declarou nesta quarta-feira que Hunter Biden não ocupa nenhum cargo público, e que essa questão é um “assunto privado”.
Ela afirmou que Joe Biden “ama seu filho e o apoia enquanto ele reconstrói sua vida”, mas também ressaltou que a investigação é “independente” do governo e é liderada por um promotor nomeado por Trump.
Rivais políticos de Biden usaram a investigação para lançar dúvidas sobre os negócios de Hunter no exterior, inclusive na Ucrânia, e para retratar a família do presidente como corrupta.
Essa investigação foi aberta em 2018 sob o comando do ex-presidente Donald Trump (2017-2021) e tem sido usada por membros do Partido Republicano desde 2020 para atacar Joe Biden, do Partido Democrata, a quem acusam de não ter feito nenhum esforço para levar essa investigação até o fim.
Ainda nesta quarta, o líder da Câmara dos Representantes dos EUA, o republicano Kevin McCarthy, ameaçou abrir um processo de impeachment contra Biden, embora o número de parlamentares da legenda na Casa não seja suficiente para destituir o presidente.
*EFE