O exército do Níger anunciou, nesta quarta-feira (26), que derrubou o presidente legítimo do país, Mohamed Bazoum, após a “contínua deterioração da situação de segurança e má gestão econômica e social”. Os militares também ordenaram o fechamento das fronteiras.
Em três comunicados lidos em rede nacional de televisão, os militares, organizados em uma plataforma chamada Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CLSP), disseram respeitar “todos os compromissos assinados pelo Níger”.
Os militares acrescentaram que “todas as instituições da Sétima República estão suspensas” e que “as forças de defesa e segurança estão lidando com a situação”.
– Pedimos a todos os parceiros externos que não interfiram – acrescentaram, antes de decretar o fechamento das fronteiras terrestres e aéreas “até que a situação se estabilize”.
Nos comunicados, lidos pelo coronel Amadou Abramane em nome do presidente do CLSP, foi decretado toque de recolher das 22h às 5h “em todo o território até segunda ordem”.
Eles também prometeram às comunidades nacional e internacional respeitar a “integridade física e moral das autoridades derrubadas, de acordo com os princípios dos direitos humanos”.
Com essas palavras, o coronel Abramane pôs fim às dúvidas sobre o paradeiro do presidente Bazoum nesta quarta, após os acessos ao palácio presidencial serem fechados com ele dentro e depois de a conta da presidência do Níger no Twitter informar que membros da Guarda Presidencial realizavam uma ação.
Em 31 de março de 2021, as autoridades do Níger abortaram uma tentativa de golpe militar contra Bazoum dois dias antes de sua posse – ela se limitou a uma série de tiroteios perto do Palácio Presidencial na capital do país, Niamey.
Os partidos da base do governo pediram aos militares que tomaram o palácio presidencial nesta quarta para que entreguem as armas, e ao povo nigerino para se mobilizar maciçamente para defender a democracia.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, falou com o presidente deposto nesta quarta e transmitiu seu apoio diante da violação da legitimidade constitucional no Níger, que foi condenada por vários países e blocos regionais.
O Níger é um dos países mais pobres do mundo, sofre com a violência jihadista e com os efeitos das mudanças climáticas e da crise alimentar, que afetam milhões de pessoas.
*EFE