O filme Sekhdese mergulha nas profundezas das aldeias indígenas do Sertão de Pernambuco trazendo à luz a riqueza cultural e as lutas incontáveis enfrentadas pelos povos originários. Dirigido por Alice Gouveia e Graciela Guarani, e com produção de Carla Francine, da Casa de Cinema de Olinda, o documentário estreia no mais prestigiado evento da Sétima Arte do País: o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, que chega à 56ª edição. A avant-première acontece nesta quarta-feira (13), no Cine Brasília, com a presença das diretoras e equipe de produção.
Sekhdese é uma expressão carregada de significado, sendo uma palavra – em yathê – na língua fulni-ô, que traduzida para o português significa sabedoria. Estruturado em depoimentos colhidos de 2018 a 2023, durante expedições às aldeias indígenas, e com registros de manifestações em Brasília, o documentário expõe a verdadeira sabedoria presente nos relatos das mulheres.
De acordo com as diretoras, a ideia de fazer o filme surgiu em janeiro de 2018 entre as mulheres fulni-ôs, donas dessa língua. Na época Alice e Graciela estavam ministrando oficinas de realização audiovisual e fazendo filmes curtos com um grupo de alunos quando resolveram começar a entrevistar as mulheres do local.
“O que acreditamos ter é um importante conjunto de relatos que tragicamente parecem convergir para questões relativas ao neocolonialismo empreendido pelas igrejas neopentecostais. Em boa parte dos depoimentos percebemos uma preocupação explícita sobre os valores e crenças singulares do local que estão sendo esmaecidos pela presença dos religiosos evangélicos”, afirmam as diretoras.
Essas narrativas revelam um valioso fortalecimento das mulheres enfatizando as batalhas pela proteção da terra, pela preservação da cultura, pela defesa do meio ambiente e contra o etnocídio desencadeado pelas ações das igrejas neopentecostais.
Sekhdese é a mais nova produção da Casa de Cinema de Olinda e tem patrocínio do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura) do Governo de Pernambuco. Segundo a produtora executiva Carla Francine, o longa teve início com uma iniciativa de formação audiovisual. “O filme começou no projeto chamado Cinema de Índio, que a gente fez em nove etnias de Pernambuco. A gente foi pelo menos umas três vezes para Brasília, na marcha das mulheres indígenas, nos Acampamentos Terra Livre (ATL). Tem um filme aí muito bonito, que fala de coisas muito importantes para o Brasil e para a humanidade”, conclui.
De acordo com Graciela Guarani e Alice Gouveia, “Sekhedese nasce de dezenas de entrevistas com mulheres indígenas em Pernambuco e seus relatos de resistências que denunciam as diversas violências que permeiam o povo indígena”.
SINOPSE – Sekhdese significa sabedoria, em yathê, língua do povo fulni-ô, do Nordeste do Brasil. Sabedoria das mulheres indígenas que expôe a luta pela terra, cultura, meio ambiente e o etnocídio do qual são vítimas, pelas investidas das igrejas neopentecostais.
DIRETORAS – Alice Gouveia é professora universitária, diretora de audiovisual e finalizadora. Trabalha na área desde 1993. É técnica em direção cinematográfica tendo concluído o curso na New York Film Academy em 1998. Em seu currículo destacam-se as séries Olhares sobre Lilith, Vamos Comer Pernambuco, Destinos da Fé e os curtas-metragens Dora e Nina, dentre outros. É coordenadora pedagógica dos projetos de formação Cinema de Índio e Realizando em 1 Minuto.
Graciela Guarani pertence à nação indígena guarani kaiowá e é uma das mulheres indígenas pioneiras em produções originais audiovisuais no Brasil. É professora de cursos promovidos pela ONU Mulheres e do Museu do Índio. Debatedora da mesa redonda Mulheres na Mídia e no Cinema, na 70ª Berlinale (2020). Já realizou vários curtas e é uma das diretoras das séries Cidades (In)visíveis, da Netflix, e da Falas de Terra, da Rede Globo e GloboPlay, e cinegrafista do longa My Blood Is Red, da Needs Must Film, em 2017.
Ficha técnica:
Direção: Alice Gouveia e Graciela Guarani
Argumento: Alice Gouveia e Graciela Guarani
Roteiro: Alice Gouveia, Graciela Guarani e Caleb Benjamin
Produção e produção executiva: Carla Francine
Direção de produção: Carla Francine e Mauro Lira
Direção de fotografia: Alice Gouveia e Graciela Guarani
Som direto: Tiago Araújo e Fernanda Misaw
Edição de som e ixagem: Tiago Araújo
Montagem e finalização de imagem: Alice Gouveia
Empresa produtora: Casa de Cinema de Olinda
Fonte: Portal Cultura PE
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