Ao anunciar a saída do Conselho de Administração da Vale, o conselheiro independente José Duarte Penido escreveu uma carta de renúncia com revelações sobre o processo de sucessão da mineradora. Segundo ele, o resultado foi afetado por manipulação, conflitos de interesse e agendas pessoais de seus participantes.
Em parte da carta, obtida pela Folha, Penido afirma que houve interferências na decisão de manter Eduardo Bartolomeo como CEO da Vale. O empresário seguirá no cargo até o final do ano, com 11 votos a favor e apenas dois contrários, sendo um deles dado pelo agora ex-conselheiro.
– No Conselho se formou uma maioria cimentada por interesses específicos de alguns acionistas lá representados, por alguns com agendas bastante pessoais e por outros com evidentes conflitos de interesse – escreveu Penido.
O documento também fala sobre “frequentes, detalhados e tendenciosos vazamentos à imprensa” e em “claro descompromisso com a confidencialidade”, sem citar nomes.
A Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, apoiava a substituição de Bartolomeo. A Cosan, por sua vez, tentou emplacar seu ex-presidente, Luiz Henrique Guimarães. Além dessas duas empresas, outros acionistas relevantes da Vale são o Bradesco e a Mitsui.