Os incidentes antissemitas nos Estados Unidos cresceram exponencialmente em 2023, atingindo níveis nunca vistos desde que a Liga Antidifamação (ADL) começou a registrá-los em relatórios anuais há 45 anos.
Nesta terça-feira (16), a ADL publicou seu relatório, que destaca que esses incidentes – em que são somados casos de agressão, assédio e vandalismo – cresceram 140% em 2023 em comparação com 2022, um ano em que já marcaram um recorde. A liga atribui esse aumento, sem dúvida, ao “massacre do dia 7 de outubro do ano passado em Israel e à guerra na Faixa de Gaza”.
Um porta-voz da ADL disse à Agência EFE que seu relatório não inclui casos de islamofobia – que também dispararam desde 7 de outubro -, mas apenas aqueles que a organização considera sintomas de “ódio antijudaico”.
A maioria dos casos registrados é de assédio (6.535), seguido por vandalismo de propriedade judaica (2.177). As agressões físicas a indivíduos totalizaram 161 casos, sendo que, desses últimos, um terço eram judeus identificáveis como ortodoxos por sua aparência.
Em uma comparação diária, isso significa que 24 incidentes antissemitas ocorreram todos os dias.
Os dados da ADL são compilados a partir de informações fornecidas por vítimas, autoridades e líderes comunitários, e a organização afirma que avalia cada um deles com critérios “profissionais”.
– Os judeus americanos estão sendo atacados por serem quem são na escola, no trabalho, na rua, em instituições judaicas e até mesmo em casa. Essa crise exige ação imediata de todos os setores da sociedade e de todos os estados em todo o país – declarou o diretor da ADL, Jonathan Greenblatt, em comunicado emitido por sua associação.
As instituições mais frequentemente visadas foram sinagogas, centros comunitários e até mesmo escolas judaicas, e consistiram principalmente em ameaças de bomba, registradas principalmente no segundo semestre, ou seja, após a declaração de guerra em Gaza.
Greenblatt pediu aos seus correligionários judeus que “não cedam ao medo” e disse estar convencido de que “pode não parecer, mas temos [nos EUA] muito mais aliados do que inimigos”.
*EFE