Em uma coletiva de imprensa realizada na madrugada desta sexta-feira (7) em Pequim, o vice-presidente e ministro da Indústria, Desenvolvimento, Comércio e Serviços do Brasil, Geraldo Alckmin, destacou a crescente parceria estratégica e o desenvolvimento conjunto entre Brasil e China. Alckmin evocou o sociólogo Gilberto Freire, que há 65 anos previu a relevância futura das duas nações: “O Brasil é a China dos trópicos.”
Ao concluir a entrevista, Alckmin enfatizou que a relação bilateral entre Brasil e China está em constante expansão, com especial foco na descarbonização. Ele ressaltou a importância do Projeto Mover, uma iniciativa de mobilidade verde recentemente aprovada pelo Senado e prestes a ser votada na Câmara dos Deputados. Este projeto prevê um investimento de R$ 130 bilhões na indústria automobilística nos próximos anos.
“Nós queremos uma indústria inovadora, descarbonizada e temos várias rotas tecnológicas, não uma só. O Brasil é privilegiado, porque vai ter carro elétrico puro, vai ter o plug-in [que tem dois motores e pode ser movido tanto a energia elétrica quanto a combustível], o híbrido e o elétrico e o flex“, afirmou Alckmin.
O vice-presidente destacou ainda a diversidade energética do Brasil, mencionando o uso do etanol de primeira e segunda geração. O primeiro é derivado da cana-de-açúcar, enquanto o segundo é produzido a partir da palha, folha e bagaço da cana, convertidos em celulose e, posteriormente, em combustível.
Alckmin sublinhou a singularidade do Brasil em termos de diversidade energética, citando a adição de 14% de óleo vegetal ao diesel comum, percentual que será elevado para 15% no próximo ano, e a mistura de 27% de etanol na gasolina comum, que aumentará para 30% futuramente. Ele também comentou sobre a atração de montadoras chinesas como BYD (Build Your Dreams) e GWM (Great Wall Motors) ao Brasil, destacando o imposto de importação progressivo e as quotas de importação que oferecem tempo para a instalação de fábricas e a organização de redes de concessionárias.
Ao discutir o papel do Brasil como aliado geoestratégico e geopolítico da China, Alckmin enfatizou que o país é o principal parceiro comercial da China, enquanto os Estados Unidos lideram os investimentos locais. “Acredito que a parceria com a China vai crescer, e defendemos o multilateralismo. A China também. O Brasil é um grande protagonista em segurança alimentar, um dos maiores exportadores do mundo, tem eficiência energética, a maior floresta tropical do planeta e compromisso com o desmatamento zero.”