Os líderes do G7, as sete democracias mais industrializadas do planeta, mostraram posições divergentes sobre a inclusão do aborto na declaração final da sua cúpula na região da Apúlia, no sul da Itália; e, por enquanto, optaram por limitar-se a defender os “direitos reprodutivos”. Até o momento, o rascunho divulgado por diversos meios de comunicação não inclui a palavra “aborto”.
O embate foi protagonizado pela primeira-ministra anfitriã, Giorgia Meloni, e pelo presidente francês, Emmanuel Macron, com declarações cruzadas e pontos de vista opostos sobre a matéria.
A questão explodiu precisamente no dia da chegada do papa Francisco, na primeira vez em que um pontífice participa do G7.
A cúpula do G7 na Apúlia começou com um precedente, a declaração da edição anterior, em Hiroshima, em cujo texto final os líderes de Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido assinaram a defesa do aborto, deixando a palavra escrita.
– Reafirmamos o nosso total compromisso em alcançar uma saúde e direitos sexuais e reprodutivos abrangentes para todos, abordando também o acesso ao aborto legal e seguro e aos cuidados pós-aborto – afirma o texto acordado no Japão.
No entanto, a cúpula deste ano na Itália abriu o debate sobre a manutenção ou não desta referência.
Até o momento, segundo fontes negociadoras, a palavra “aborto” não aparece na declaração de Apúlia, que será concluída e anunciada na tarde desta sexta-feira (14), e a alternativa é “garantir os direitos sexuais e reprodutivos”.
Os negociadores da União Europeia (UE), presentes na cúpula do G7, têm defendido o que foi conseguido em Hiroshima como “mais específico”, mas temem que “não seja possível chegar a um acordo”.
Um funcionário de alto escalão dos EUA observou que o G7 apoiará uma linguagem na sua declaração final semelhante à da última cúpula sobre a defesa dos direitos reprodutivos, mas não chegou a dizer se a menção ao acesso a um “aborto seguro e legal” da conferência do ano passado aparecerá novamente.
Meloni disse que a polêmica “é totalmente falsa” e que a declaração “faz lembrar a de Hiroshima, na qual já aprovamos no ano passado a necessidade de garantir que o aborto seja seguro e legal”.
*EFE