Dos cerca de 120 reféns que seguem na Faixa de Gaza, “ninguém sabe quantos ainda estão vivos”, segundo afirmou o porta-voz do Hamas, Osama Hamdan, em entrevista à CNN Brasil.
– Eu não tenho ideia sobre isso. Ninguém tem ideia disso – disse o membro do gabinete político do Hamas antes de afirmar que, na última operação israelense lançada no último sábado (8) para libertar quatro dos reféns, três deles morreram, entre eles um cidadão americano.
O destino desses 120 reféns é fundamental para qualquer acordo que ponha fim ao prolongado conflito entre Israel e o Hamas, uma vez que a sua libertação é uma das condições exigidas por Tel Aviv para pôr fim à ofensiva contra Gaza que lançou há mais de oito meses.
Hamdan também declarou que qualquer acordo para libertá-los deve incluir garantias de um cessar-fogo permanente e da retirada completa das forças israelenses de Gaza.
O porta-voz acrescentou que o Hamas precisa de “uma posição clara de Israel para aceitar o cessar-fogo, uma retirada completa de Gaza e deixar os palestinos determinarem por si próprios o seu futuro, a reconstrução, o [levantamento] do cerco…” Só então, estariam “prontos para falar de um acordo justo sobre a troca de presos”.
O plano apoiado pelos Estados Unidos e aprovado pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas na última segunda-feira (10) estabelece que haveria um cessar-fogo de seis semanas em que alguns reféns seriam trocados por prisioneiros palestinos e o Exército israelense se retiraria das áreas povoadas de Gaza.
A segunda fase do plano, que envolveria o fim permanente da guerra e a retirada completa de Israel de Gaza, só seria implementada após novas negociações entre os dois lados.
No entanto, Hamdan disse que a duração do cessar-fogo era uma questão fundamental para o Hamas, que está preocupado com o fato de Israel não ter intenção de avançar com a segunda fase do acordo.
– O fim das hostilidades deve ser permanente e Israel deve retirar-se completamente de Gaza – salientou.
Segundo a emissora americana, o líder do Hamas evitou repetidamente responder a quaisquer perguntas sobre o papel da organização terrorista no sofrimento dos palestinos em Gaza.
Os ataques e sequestros de 7 de outubro em território israelense, nos quais morreram mais de 1.200 pessoas e outras 250 foram raptadas, foram “uma reação contra a ocupação israelense”, de acordo com o porta-voz do Hamas.
– Quem está no comando ou é responsável por isto é a ocupação. Se você resistir à ocupação, irão matá-lo, se você não resistir à ocupação, também irão matá-lo ou deportá-lo para fora do seu país. Então, o que devemos fazer, apenas esperar? – questionou Hamdan na entrevista.
O porta-voz também negou que civis palestinos sejam usados como escudos humanos em Gaza e que os relatórios que se espalharam sobre isso nada mais são do que tentativas de pressionar o Hamas e tentar virar o povo palestino contra o grupo.
*EFE