Nesta segunda-feira (28), o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, afirmou que acredita em um acordo entre seu país e a Ucrânia para colocar fim a guerra. Ele também disse entender que o Ocidente está mais disposto a reconhecer os próprios erros.
– Seja como for, acho que existem oportunidades para um acordo, já que nossos parceiros ocidentais começam a entender os graves erros cometidos durante muitos anos, embora, talvez por razões compreensíveis, não digam isso em voz alta – falou o chanceler.
Ele deu declarações durante uma entrevista à veículos de imprensa da Sérvia.
Lavrov afirmou, contudo, que a Rússia não está interessada na participação de representantes do Ocidente nas negociações com a Ucrânia. Ele garantiu que houve essa chance em 2014, quando a Revolução do Maidan derrubou o então presidente Viktor Yanukovich, e em 2015, quando foram assinados os Acordos de Paz de Minsk.
– Agora, nos dizem: “deem uma oportunidade para a diplomacia”. Claro que queremos dar uma oportunidade à diplomacia, por isso, estivemos de acordo em retomar as negociações em Istambul. Mas, há muitos exemplos de quando nossas colegas ocidentais destruíram os feitos da diplomacia. Agora, já não podemos acreditar neles – disse o ministro.
O chefe da diplomacia da Rússia relembrou que, em fevereiro de 2014, a União Europeia (UE) se apresentou como garantidora dos acordos entre o presidente da Ucrânia e a oposição, feito que classificou de “cúpula da diplomacia”.
– Mas, no dia seguinte, a oposição ignorou essa diplomacia e a UE precisou engolir essa situação – relembrou.
Segundo Lavrov, as negociações em alto nível alcançaram um novo patamar em 2015, em Minsk, capital de Belarus.
– Foram assinados acordos que colocaram fim à guerra no leste da Ucrânia e abriram caminho ao reestabelecimento da integridade territorial da Ucrânia, por meio da outorga de status especial para o Donbas – indicou.
No entanto, após a negativa de Kiev de cumprir os acordos de Minsk e a impossibilidade da UE de obrigar a Ucrânia a cumpri-los, o bloco “demonstrou completamente sua inconsistência para cumprir o pactuado”.
Apesar disso, Lavrov insistiu na disposição de Moscou em continuar o diálogo, que seria retomado “praticamente de modo presencial, hoje ou amanhã, em Istambul, após toda uma série de vídeo conferências”.
– Estamos interessados que essas conversações sejam exitosas – apontou o chanceler russo.
O ministro destacou que os objetivos de Moscou são “antes de tudo, o fim do assassinato de civis no Donbas, que durou oito longos anos, enquanto toda a comunidade ocidental progressista se calava, sem fazer um só comentário crítico, enquanto viam os bombardeios de infraestrutura civil, hospitais e casas”.
Segundo Lavrov, a Rússia busca impedir que o Ocidente e a Otan sigam se apropriando do país vizinho no plano militar.
– Estamos obrigados a fazer que a Ucrânia deixe de ser um país constantemente militarizado, no qual tentam utilizar armas que ameaçam a Rússia – afirmou.
O chefe da diplomacia russa negou a iminência de uma reunião entre os presidente russo, Vladimir Putin, e o ucraniano, Volodymyr Zelensky, por considerar que não faz sentido apenas um encontro para troca de opiniões.
– Isso seria, simplesmente, contraproducente – concluiu.
*EFE