Para a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), sua saída foi fundamentada em misoginia e opositores se utilizaram da sua “condição de mulher” para fundamentar a investigação.
“Acho que sofri impeachment porque representava um projeto diferente para o Brasil, de inclusão social. Tentaram criminalizar o exercício do orçamento. Havia uma certa dificuldade de me acusar de qualquer coisa. […] Agora, eu acho que o golpe utilizou profundamente da minha condição de mulher para criar o meio ambiente para me tirar do governo”, analisou.
Ao falar sobre as “pedaladas fiscais”, Dilma disse que “adora” mencionar o assunto. Ela considerou que esse argumento foi usado porque não havia nada que as pessoas pudessem acusá-la de corrupção, a não ser de gastar dinheiro em um projeto de inclusão social no Brasil.
“Eu não quero o compromisso eleitoral porque eu quero falar as coisas que eu acredito. Eu cansei de escutar ministro do Supremo, o próprio Temer dizendo que não foi bem pedalada fiscal, foi porque eu não tinha apoio político. Só que não ter apoio político no Brasil não é razão para impeachment”, continuou.
Desigualdade social – A ex-presidente também criticou a “insensibilidade” da classe mais alta do país com as pessoas pobres, o que analisou ser uma herança escravocrata no comportamento da sociedade brasileira. Segundo Dilma, o Brasil tem dinheiro para dar escolas de graça à população, da creche até a faculdade, mas tem uma elite que não se preocupa com o povo.
“O que eu acho mais absurdo no Brasil é a absoluta insensibilidade da elite brasileira, das oligarquias brasileiras, sejam financeiras, industriais, agrícolas, seja quem for, pelo destino de seu próprio povo. Isso é imperdoável”, disse.
E completou: “Nunca vamos esquecer que um dos problemas mais graves do Brasil é a escravidão. Não só porque escravizaram nosso povo, mas porque, quem escravizou, e o fez por 300 anos, é a elite desse país. É só isso que explica a insensibilidade dela perante o seu próprio povo”.
Dilma também defendeu a revogação do chamado teto de gastos, em vigor desde o governo de Michel Temer, que impõe limite de despesas ao Estado.
Agência Brasil