De acordo com um relatório realizado por um grupo de especialistas do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, divulgado nesta quarta-feira (2), o Brasil mantém estruturas e práticas que demonstram um racismo sistemático “herdado da escravidão e do colonialismo”.
O relatório do Mecanismo Internacional de Peritos Independentes para a Promoção da Justiça Racial, elaborado após a visita de três integrantes ao Brasil em dezembro de 2023, afirma que esse racismo sistemático “perpetua as disparidades raciais na educação, saúde, moradia e emprego”.
Os especialistas denunciaram em seu relatório que, em um país com um alto número de pessoas mortas pelas forças de segurança (mais de 6.000 por ano), os afrodescendentes têm até três vezes mais chances de serem mortos por ações policiais, sugerindo que essas mortes sejam motivadas por discriminação racial.
O estudo alega que os casos de abuso de força contra essas comunidades não são, como alguns afirmam, “atos isolados”, mas parte de “um padrão preocupante que mostra um problema sistêmico que precisa ser abordado”.
Para este grupo de especialistas, os assassinatos de afrodescendentes pelas forças de segurança no Brasil “são realizados de forma sistemática”, sinalizando, na visão deles, um “processo de limpeza social” em curso.
De acordo com o levantamento, o perfil racial das forças de segurança é produto de um “racismo sistemático” que “identifica falsamente a pele escura com criminalidade e delinquência”.
LEGADO DA ESCRAVIDÃO
Ainda segundo o relatório, o racismo no Brasil é herança de um sistema escravocrata que durou três séculos no país, o último das Américas a abolir a escravidão.
Os especialistas do comitê são os juristas Akua Kuenyehia (Gana) e Juan Méndez (Argentina), além da ex-policial e ativista norte-americana Tracie Keesee, que visitaram o Brasil de 27 de novembro a 8 de dezembro de 2023.
Durante a viagem, que incluiu visitas a Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza e Salvador, eles se reuniram com autoridades federais e locais, visitaram prisões e ouviram depoimentos de vítimas e suas famílias.
*Com informações EFE
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