O senador licenciado Renan Calheiros (MDB-AL) avalia que a pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS) à Presidência da República só trará perdas ao MDB, caso seja mantida até o fim. Integrante da ala emedebista defensora de que a sigla apoie o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro turno, Renan afirmou que fará “uma guerra interna”, se necessário, “pela não homologação da candidatura” de Simone.
– Lamentavelmente, sim [a candidatura só representa perdas para o partido]. A candidatura não agrega, não tem competitividade, não amplia os objetivos do partido, e o partido, em função dessa aliança com o PSDB, tem que abrir mão de algumas outras candidaturas – disse Renan em entrevista ao Estadão.
Renan também lembrou que o MDB abandonou a ideia de lançar candidato próprio ao governo do Rio Grande do Sul para assegurar apoio do PSDB a Tebet. O senador licenciado afirmou ainda esperar que o “bom senso prepondere” para que a sigla não homologue o nome da senadora ao Planalto.
– Nós não estamos querendo fazer uma guerra interna de disputa pela não homologação da candidatura. Se isso for preciso, nós vamos fazer. Essa divisão a mais não ajuda efetivamente em nada. Nem à candidatura dela, nem tampouco ao partido e à necessidade de manter sua maior bancada no Senado, fazer uma grande bancada na Câmara e eleger o maior número de governadores – declarou.
– As convenções acontecerão apenas no início de agosto e, talvez, não seja efetivamente o caso de termos que homologar uma candidatura com 1% dos votos – defendeu Calheiros.
REVERSÃO
Apesar da avaliação pessimista sobre a competitividade da senadora, ele disse torcer para que haja “reversão da fotografia das pesquisas”, que mostram polarização cristalizada entre Lula e o presidente Jair Bolsonaro (PL) e a inviabilidade eleitoral de uma candidatura da terceira via.
Ao comentar sobre a possível chapa entre Tebet e o senador Tasso Jereissati (PSDB) como vice, o senador elogiou as “qualidades indiscutíveis” dos dois colegas, mas apontou que polarização aponta para a tendência de voto útil que pode decidir a eleição em primeiro turno entre os dois primeiros colocados nas pesquisas.
– São dois nomes indiscutíveis do ponto de vista das qualidades pessoais, políticas. O problema não é esse, é a polarização que existe entre as duas principais candidaturas. Se você for observar a média das pesquisas, você vai verificar uma reta, e uma efetiva polarização. A terceira via nunca chegou nem perto do segundo candidato. O que podemos ter é um exercício efetivo de voto útil para que a eleição se decida no primeiro turno – avaliou.
*AE