O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifeste sobre um pedido para investigar o presidente Jair Bolsonaro (PL) por suposta interferência na Polícia Federal durante as investigações sobre o esquema de corrupção no Ministério da Educação (MEC).
A PF apura o favorecimento de pastores na distribuição de verbas do MEC. Na última quarta-feira, o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e pastores denunciados foram presos. Um dia depois, eles foram soltos, por decisão da Justiça.
Segundo interceptação telefônica feita pela Polícia Federal, em 9 de junho, Ribeiro disse a uma filha que Bolsonaro havia lhe relatado “pressentimento” de que o ex-ministro poderia ser usado para atingir o presidente. Na conversa, Ribeiro também fala da possibilidade de ser alvo de busca e apreensão, como de fato foi, dias depois.
“Hoje, o presidente me ligou. Ele está com um pressentimento novamente de que podem querer atingi-lo através de mim, sabe?”, disse Ribeiro. Em seguida, o ex-ministro afirma: “Ele acha que vão fazer uma busca e apreensão em casa, sabe? Bom, isso pode acontecer, se houver indícios, mas não há porquê”, disse o ex-ministro.
Moraes analisou um pedido feito pelo líder da oposição, Randolfe Rodrigues (REDE- AP), após a divulgação de intercepção telefônica indicar que Bolsonaro teria alertado o ex-ministro Milton Ribeiro de que ele poderia ser alvo de busca e apreensão.
A decisão de Moraes é praxe nesse tipo de caso. Cabe à PGR decidir se há elementos para abrir uma investigação formal contra Bolsonaro. Ao STF, Randolfe Rodrigues afirmou que há indícios de “suposta nova interferência do Presidente da República JAIR BOLSONARO na Polícia Federal” e pediu que sejam adotadas “as medidas cabíveis a fim de evitar interferências indevidas da cúpula do Poder Executivo nas atividades-fim da Polícia Federal”.
Esse é o terceiro pedido que o STF envia para a PGR avaliar se há indícios contra Bolsonaro no escândalo do MEC. A ministra Cármen Lúcia encaminhou para a Procuradoria pedidos dos deputados Reginaldo Lopes e Israel Batista para que o presidente seja investigado.
O advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef, disse ter sido autorizado pelo presidente a dizer à imprensa que ele “não interferiu na PF” e que não tem “nada a ver com essas gravações”.