Os motoristas de aplicativo e taxistas que trabalham em São Paulo já sentem no bolso a baixa no preço da gasolina.
– Acredito que nós somos uma das categorias que mais percebe essas variações, porque o preço da gasolina influencia diretamente o nosso lucro – afirmou Ana Paula Aparecida de Oliveira, 39 anos, que trabalha como motorista de aplicativo.
– Nesta semana, coloquei o mesmo valor de sempre de combustível e consegui rodar mais, porque o litro está mais barato – disse.
Segundo levantamento do Procon-SP, o litro do combustível teve redução média de R$ 0,30 no estado. A queda do preço foi constatada nos dias 28 e 29 de junho, após o governador Rodrigo Garcia reduzir a alíquota de ICMS da gasolina de 25% para 18% no dia 27.
Para Eduardo Lima de Souza, presidente da Associação dos Motoristas de Aplicativo de São Paulo (Amasp), no entanto, apesar de a gasolina mais barata amenizar a situação dos motoristas, ela ainda não resolve o problema e o valor ainda é alto demais.
– Esse reajuste, uma diminuição de centavos, na realidade não resolve. Amenizou, momentaneamente. Mas nossa preocupação é que, enquanto o governo federal fez uma manobra gigantesca para essa redução, o dólar ainda está na atividade em conexão com o petróleo. Se o dólar aumentar, a gente volta a pagar o que estava pagando antes – criticou.
José Carlos de Souza, diretor do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores nas Empresas de Táxi no Estado de São Paulo (Simtetaxi-SP), concorda que o preço do combustível ainda está alto.
– Devido a distância que os taxistas devem rodar por dia, o valor ainda está alto, muito alto. É importante destacarmos isso – afirmou.
Aplicativos
A motorista Ana Paula explicou que o valor do combustível afeta o trabalho dos motoristas de aplicativo em várias frentes. Para que o lucro não diminua tanto quando o combustível está mais caro, muitos recorrem a mais horas de trabalho ou dirigem em regiões e horários específicos para obter mais ganhos.
– O preço reflete não só nos meus ganhos, mas também na minha segurança e no modo como eu tenho que trabalhar – destacou.
E continuou.
– O aplicativo paga um preço dinâmico maior para corridas em regiões mais perigosas, por exemplo, porque os motoristas costumam recusar. Se a corrida tem um bom valor, muitas vezes me arrisco à noite ou nessas regiões, para compensar quando a gasolina está muito alta. Então o preço da gasolina realmente interfere – relatou.
O preço dinâmico é uma forma que os aplicativos encontram de compensar quando a demanda por corridas está mais alta, aumentando o valor cobrado de passageiros.
– Espero que o governo consiga oferecer mais incentivos para nos fortalecer, porque nossa categoria é muito impactada, diretamente – completou Ana Paula.
Táxi
Lenaildo de Souza Dias, taxista em São a Paulo há 20 anos, comemora a baixa da gasolina e destaca que toda economia é muito bem vinda para a categoria.
– Eu uso uma média de R$ 100 a R$ 150 por dia para abastecer. Com o preço mais baixo, podemos rodar a mesma quantidade de quilômetros gastando menos, o que ajuda muito na diária no final do dia. Ajuda todo mundo que trabalha com veículo – afirmou.
Moacir Braun, 46 anos, também taxista, concordou com o colega.
– Nós já sentimos essa redução do preço do litro da gasolina. Já senti uma diferença que com certeza vai contribuir bastante para o fechamento do nosso orçamento, em função do abastecimento diário na nossa atividade – declarou.
Luis Antonio da Silva, presidente da Federação dos Taxistas Autônomos do Estado de São Paulo (Fetacesp), apontou que a gasolina mais barata traz alívio ao setor, principalmente após dois anos lidando com as consequências da pandemia de Covid-19.
– Passamos esses anos com muito apuro. Agora teve uma redução, sim, que ajuda demais. E também vai ajudar muito se o projeto de auxílio-gasolina a taxistas sair, vai ficar melhor ainda – disse.
*AE