Aos 39 anos de idade, a brasileira Thalita do Valle morreu no último sábado (2), durante bombardeio na cidade de Kharkiv. Natural de Ribeirão Preto, São Paulo, ela estava defendendo o território ucraniano como atiradora de elite. Além de sniper, Thalita também era modelo, atriz, socorrista, estudante de Direito e ativista pelas causas dos animais.
Segundo informações do portal UOL, Thalita estava em Kharkiv quando uma série de ataques com morteiros e disparos de drone com munição incendiária tiveram início sobre a cidade. De acordo com o tenente Sandro Carvalho da Silva, brasileiro que comanda o pelotão em que Thalita atuava na Ucrânia, os militares deixaram o bunker às pressas, mas a atiradora permaneceu no local.
– Em um desses intervalos [dos ataques em série], saímos do bunker e corremos. Mas, por causa do fogo, a Thalita não saiu. O Douglas voltou para ajudar e não conseguiu sair mais – contou ele.
O ex-militar do Exército brasileiro, Douglas Búrigo, de 40 anos, também morreu ao tentar salvar Thalita. Ele viajou para a Ucrânia em maio deste ano com o objetivo de realizar serviço humanitário no país que está em guerra contra a Rússia.
Essa não foi a primeira guerra em que Thalita trabalhou. Ela já havia participado de uma missão contra o Estado Islâmico no Iraque, Curdistão iraquiano e Curdistão Sírio há três anos. A brasileira era socorrista e tinha cursos de tiro feitos no Brasil. Ela também passou por treinamento para se tornar atiradora de elite, especializada em disparos de precisão com armas longas, a fim de integrar os combatentes do exército curdo.
– Thalita era do exército feminino e integrava uma linha de frente com atiradoras de elite. Era uma heroína, e a vocação dela era salvar vidas, correndo atrás de missões humanitárias. A função primária é fazer o resgate. Mas também tem a função de fazer a proteção, dando cobertura para quem está avançando, como atiradora de precisão – explicou o irmão de Thalita, Théo Rodrigo Vieira.
A brasileira estava na Ucrânia há três semanas. Sua família conta que ela foi inicialmente para a Polônia para atuar como socorrista, mas foi logo enviada para a área de conflito. O último contato por telefone entre eles ocorreu na tarde de 27 de junho.
Thalita também trabalhou em peças teatrais durante sua infância, foi modelo fotográfica durante a juventude, e integrava uma ONG em defesa dos direitos dos animais, com ênfase nos pit bulls. Como socorrista, ela atuou em tragédias como o rompimento das barragens de Brumadinho e em Mariana, ambas em Minas Gerais. A brasileira também estudava Direito e participava da comissão dos Direitos dos Imigrantes e Refugiados da OAB-SP, segundo seu LinkedIn.
Pleno News