Centenas de apoiadores de Evo Morales saíram às ruas de La Paz nesta terça-feira (27) para pressionar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a aceitar a candidatura do ex-presidente, mesmo com ele inabilitado e o prazo de registro já encerrado.
Em um ato marcado por forte presença de mulheres camponesas e lideranças sociais, os manifestantes marcharam com panelas vazias, protestando contra a crise econômica e cobrando o direito de Morales disputar as eleições presidenciais de agosto.
“Não somos poucos, somos a maioria com nosso candidato, e eles têm que respeitar a democracia. Essa luta é pela economia e pela democracia”, afirmou Juanita Ancieta, líder camponesa que participou do protesto. Ela alertou que, se a candidatura não for aceita, o país “vai se revoltar” e responsabilizou o governo de Luis Arce por uma possível convulsão social.
Ruth Nina, líder do Partido da Ação Nacional Boliviana (Pan-Bol), sigla com a qual Morales quer concorrer, foi até o TSE para exigir que o sistema de inscrição fosse reaberto. Ela citou uma decisão da Câmara Constitucional Departamental de La Paz, que mandou o TSE apresentar nova justificativa para o cancelamento do registro do partido.
Apesar disso, o secretário do órgão eleitoral, Fernando Arteaga, negou o pedido, explicando que a decisão judicial não trata da candidatura de Morales e que o prazo legal para registro já terminou.
Mesmo assim, grupos de manifestantes afirmaram que manterão vigília na frente do TSE até que o ex-presidente seja registrado. Algumas mulheres anunciaram o início de uma greve de fome como forma de pressão.
A disputa gira em torno da situação do Pan-Bol, partido que perdeu sua personalidade jurídica por não ter alcançado 3% dos votos nas últimas eleições, conforme estabelece a Constituição boliviana.
Além disso, Morales enfrenta outro obstáculo: o Tribunal Constitucional Plurinacional já determinou que uma pessoa só pode se reeleger de forma contínua uma vez. Como ele governou por três mandatos consecutivos, sua candidatura é considerada inviável pela Justiça.
Ainda assim, Morales insiste em disputar mais uma vez a presidência, o que mantém o cenário político da Bolívia em permanente tensão.
*Com informações da Agência EFE