O PSOL oficializou na última segunda (26) a pré-candidatura de Ivan Moraes ao Governo de Pernambuco para as eleições de 2026. O anúncio foi feito na Casa Marielle Franco, sede estadual do partido no bairro do Derby, no Recife, e reuniu diversas lideranças do PSOL. A decisão, tomada por unanimidade pelo Diretório Estadual, marca uma nova fase da legenda no estado.
Jornalista, militante de direitos humanos e ex-vereador do Recife por dois mandatos, Ivan afirmou que sua pré-candidatura pretende romper com a política tradicional e apresentar um projeto construído a partir das lutas populares.
“Hoje oficializamos uma candidatura com a cara do PSOL, ligada aos movimentos, que quer marcar posição e apresentar um caminho diferente para Pernambuco”, afirmou Samuel Herculano, presidente estadual do partido.
Na coletiva também estiveram presentes Perpétua Rodrigues, dirigente da sigla em Petrolina, e Michelle Santos, secretária de Direitos Humanos do PSOL em Pernambuco e presidente do diretório municipal de Caruaru.
Durante sua fala, Ivan ressaltou a necessidade de ampliar a participação popular na política institucional. “No Brasil, a gente tem mais de 160 milhões de pessoas aptas a votar, mas só cerca de 10% estão filiadas a partidos. E são justamente os partidos que tomam as decisões mais importantes do processo eleitoral, muitas vezes antes mesmo da eleição começar”, destacou.
Ele também enfatizou que a sua candidatura não é individual, mas resultado de uma construção coletiva. “Não tenho aliados na classe política tradicional. Estou aqui porque diversos grupos do partido me convidaram. Foi a primeira vez, desde que entrei no PSOL, que todas as correntes internas apresentaram meu nome em unidade. Isso me deixa muito honrado, porque mostra que essa candidatura não é individual, é construída com quem luta”, disse.
Ivan ainda comentou o cenário político estadual, citando as pré-candidaturas da atual governadora, Raquel Lyra (PSD), e do prefeito do Recife, João Campos (PSB). “Raquel e João representam caminhos que, embora em lados diferentes da disputa, têm muito em comum em termos de projeto político. São lideranças que mantêm uma lógica de governo que a gente quer superar, com mais ousadia, mais inclusão e mais escuta popular”, criticou.
Apesar das diferenças com os dois potenciais adversários, Ivan defendeu a reeleição do presidente Lula e não descartou uma possível aliança com o petista durante a campanha.
Outro ponto importante levantado foi a necessidade de fortalecer o PSOL no interior do estado. “A gente precisa caminhar pelo interior. O PSOL é muito visível no Recife, onde temos mandatos, mas nossa militância está presente em todo o estado. O pessoal já existe, está na luta pela terra, pela moradia, pela saúde, pela educação, pela comunicação. O que precisamos é fazer isso aparecer. A candidatura majoritária tem essa obrigação: visibilizar essas lutas, dialogar com as bases e ir até o interior interior mesmo, onde estão as construções reais de um outro modelo de sociedade”, afirmou.
Sobre o financiamento da campanha, Ivan foi direto ao mencionar as limitações de recursos, mas reforçou a aposta em uma construção colaborativa. “Nosso fundo partidário mal cobre o aluguel da sede e os poucos funcionários que temos. Por isso, a nossa campanha vai crescer na medida em que conseguirmos juntar mais gente. Nosso maior recurso será esse: a força coletiva, o ativismo, o voluntariado. Vai ser tudo dentro da legalidade, transparente e com muito planejamento. A coragem a gente já tem, agora vamos construir a musculatura necessária para fazer diferente.”
Com o lançamento da pré-candidatura, o PSOL pretende iniciar uma série de agendas em todas as regiões do estado, com foco na escuta popular, no fortalecimento da base militante e no crescimento da legenda em Pernambuco, onde ainda tem presença mais concentrada nos centros urbanos, especialmente no Recife.