O aguardado julgamento sobre a morte de Diego Armando Maradona foi anulado nesta quinta-feira (29) na Argentina, depois que dois dos juízes responsáveis pelo caso consideraram que não havia mais condições para seguir com o processo, iniciado há mais de dois meses.
A decisão foi tomada após o afastamento da juíza Julieta Makintach, que se envolveu em um documentário sobre o próprio julgamento, levantando dúvidas sobre sua imparcialidade. “Consideramos que os motivos que determinaram o afastamento da dra. Makintach nos levam a declarar a nulidade desse julgamento oral”, afirmou o juiz Maximiliano Savarino, ao encerrar oficialmente o processo.
Segundo Savarino, a participação de Makintach no documentário comprometeu sua objetividade e demonstrou “falta de interesse no resultado do caso”. A juíza, conforme apontado, teria participado da elaboração do roteiro e até figurado no trailer da produção, que incluía cenas dela circulando pela sala do tribunal ao som de música eletrônica, além de momentos mais íntimos, como se arrumando em casa para as audiências.
Com isso, o tribunal entendeu que não havia garantias de um julgamento justo. “As ações de Makintach violaram o direito das partes de serem ouvidas por um tribunal imparcial, causando danos às partes acusadoras e às defesas”, acrescentou Savarino.
O julgamento, iniciado em 11 de março, já havia contado com 21 audiências e ouvido mais de 40 testemunhas, entre elas as filhas do ídolo argentino: Dalma, Gianinna e Jana Maradona. No entanto, tudo será refeito: a Justiça agora terá que nomear um novo tribunal, o que deve atrasar a retomada do processo por vários meses.
O pedido de anulação partiu do próprio Ministério Público e de advogados de quase todos os réus e acusadores, depois que o envolvimento da juíza no documentário veio à tona.
O caso julga sete profissionais de saúde acusados de negligência no atendimento que antecedeu a morte de Maradona, em 25 de novembro de 2020, aos 60 anos, durante uma internação domiciliar na cidade de Tigre, próxima a Buenos Aires. Entre os réus estão a psiquiatra Agustina Cosachov, o neurocirurgião Leopoldo Luque, o psicólogo Carlos Diaz, além de médicos e enfermeiros que atuavam no acompanhamento do ex-jogador.
Agora, com o processo anulado, familiares, acusados e a sociedade argentina terão que esperar ainda mais para que a Justiça finalmente esclareça se houve ou não responsabilidade criminal pela morte de um dos maiores ídolos do futebol mundial.
*Com informações da Agência EFE