Candidato nanico e que não pontua nas pesquisas de intenção de voto, Padre Kelmon, do PTB, foi um dos principais personagens do debate promovido pela Rede Globo na noite da quinta-feira, 30, o último compromisso a reunir os principais postulantes à Presidência da República na televisão antes do primeiro turno das eleições, marcada para o domingo, 2. O petebista, que assumiu a condição de cabeça de chapa após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indeferir a candidatura de Roberto Jefferson, se tornou um dos assuntos mais comentados das redes sociais e virou meme por discutir com o apresentador, o jornalista Willian Bonner, interromper, reiteradamente, respostas de seus adversários, ter seu nome confundido pelos demais e ter sido chamado de “padre de festa junina” pela senadora Soraya Thronicke (União Brasil). No Google Trends, por exemplo, que compila os termos mais buscados em determinado espaço de tempo, algumas das pesquisas mais feitas foram “Padre Kelmon é padre de verdade?”, “Padre Kelvin” e “de qual igreja é o Padre Kelmon”. O momento de maior destaque de Kelmon no programa, no entanto, ocorreu em um embate direto com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera a corrida ao Palácio do Planalto com 50% dos votos válidos, segundo pesquisa Datafolha divulgada horas antes do debate.
A confusão começou quando Kelmon chamou Lula de “cínico” e “mentiroso” e insinuou que o ex-presidente tenha sido responsável pela morte do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel. Neste momento, o petista subiu o tom: “O senhor é irresponsável, o senhor está fantasiado [de padre]”. Diante do bate-boca, William Bonner cortou os microfones dos presidenciáveis. Com o reinício do debate, o petebista voltou a trocar farpas com o candidato do PT, que retrucou e o chamou de “fariseu”. Kelmon voltou a interromper Lula, o que levou o âncora do programa a repreendê-lo. “O senhor, realmente, decidiu instituir uma nova regra neste debate. O senhor poderia olhar para mim, respeitosamente? O senhor instituiu uma nova regra neste debate, ela não existia. Eu pedi ao senhor, diversas vezes. Eu vou pedir apenas que o senhor aguarde a conclusão da fala do seu oponente e retorne ao seu assento”, disse Bonner.
Ao longo do debate, Kelmon também rivalizou com a senadora Soraya Thronicke. No primeiro bloco do programa, a parlamentar do União Brasil se atrapalhou e confundiu o nome do adversário. “Kelson? Kevin? Candidato padre”, disse a candidata ao responder a quem dirigiria sua pergunta. O momento tragicômico arrancou risadas de quem acompanhava o debate no estúdio da TV Globo. Também no primeiro bloco, Thronicke perguntou se o petebista concordava com a gestão de Bolsonaro durante a pandemia de Covid-19, que matou mais de 650 mil brasileiros, e se não temia “ir para o inferno”. “Vocês falam tanto de Covid, Covid, Covid. Só se morre de Covid neste País? Só se morre de Covid no mundo? São falácias, falácias e falácias. Medo de ir para o inferno eu não tenho, porque todos os dias eu morro um pouquinho de mim mesmo para viver o Evangelho, coisa que a senhora não sabe o que é. Se soubesse, não estaria desrespeitando um padre”, rebateu o candidato.
No bloco seguinte, Soraya retomou a polêmica. Sem meias palavras, disse que Kelmon se parecia com o presidente Jair Bolsonaro, a quem chamou de “candidato nem-nem: nem estuda nem trabalha”, e emendou: “O senhor é um padre de festa junina. Não sabem o que é direita nem o que é esquerda”. A resposta da senadora foi aproveitada pela equipe da parlamentar, que divulgou, em seu perfil no Twitter, uma foto do candidato do PTB fantasiado. Apesar da lacração e dos momentos constrangedores, a estratégia de Padre Kelmon no debate da TV Globo não foi inédita. Na última semana, no programa promovido pelo SBT, pela CNN, pelo jornal O Estado de S. Paulo, pela revista Veja, pela rádio Nova Brasil FM e pelo portal Terra, o petebista serviu de escada para Bolsonaro, que recorreu ao aliado para fazer dobradinhas e, em alguns momentos, terceirizar ataques a Lula, que não compareceu ao compromisso. Se no penúltimo debate a parceria Bolsonaro-Kelmon tratou de temas como o regime totalitário de Nicarágua, no último compromisso com presidenciáveis na TV antes do primeiro turno foi marcado por respostas que citam uma suposta “erotização das crianças”, “depravação de peças teatrais” e “perseguição a sacerdotes”.
*Radar Político365 com informações da Jovem Pan.
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