Alvejado pela Lava Jato e por denúncias de corrupção no caso JBS, o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) ressurgiu na cena política com uma barba grisalha e forte discurso contra o governo Lula depois da sentença judicial que o absolveu das acusações. Em seu gabinete da Câmara, onde desponta uma imagem de São Francisco de Assis na parede, Aécio disse que o PSDB, apesar de “destroçado” e “menorzinho”, precisa se apresentar desde já como alternativa de poder para as próximas eleições.
“Temos de endurecer o discurso oposicionista. Não dá para ficar nesse nem-nem, que ninguém sabe o que é”, afirmou Aécio ao Estadão, numa referência à retórica daqueles que não querem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e muito menos seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL).
Em meados deste mês de setembro, o partido que já foi um dos maiores do País e hoje amarga a falência política vai criar um núcleo de avaliação e acompanhamento dos programas lançados no terceiro mandato de Lula. “Tentaram nos matar, mas não conseguiram. Estamos vivos”, avisou o deputado. “Fui abatido por essas denúncias e hoje me sinto mais leve (…). Não me curvei.”
Aécio era senador e presidente do PSDB quando, em 2017, foi acusado de pedir propina de R$ 2 milhões a Joesley Batista, um dos donos da JBS, em troca de favores no Congresso. Em julho, porém, o Tribunal Regional da 3.ª Região (TRF-3) manteve sua absolvição por unanimidade.
“Talvez, se o PSDB tivesse na época um porcentual da coragem que tem o PT de defender os seus, as coisas seriam diferentes”, disse Aécio. “Mas eu não olho para trás.”
Estadão