O amplo debate no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre o Oriente Médio acontece sob a incerteza do que o órgão poderá decidir em relação ao conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas. Com o veto dos Estados Unidos, o conselho rejeitou em menos de uma semana a segunda proposta apresentada sobre a guerra. Inclusive, a última delas foi o texto elaborado pelo Brasil, que preside o conselho, que tentou atender os membros permanentes. Na resolução, havia a “condenação inequívoca” do Hamas por seus ataques a Israel, a libertação “imediata e incondicional” de todos os reféns civis, a revogação da ordem israelense para que civis e funcionários da ONU se desloquem para o sul de Gaza e pausas humanitárias para permitir o acesso à ajuda durante o conflito. Com a reunião, a diplomacia brasileira também pretendia colocar em votação uma resolução determinando a criação de um corredor humanitário na Fixa de Gaza. Para especialistas, o impasse aprofunda a crise política e revela a dificuldade das potências de chegar a um consenso capaz de frear os ataques no Oriente Médio. A Rússia acusa os americanos de terem interesse direto no prolongamento do conflito, avalia o especialista em relações internacionais Valdir Bezerra.
“Podemos esperar que nas próximas reuniões do conselho a Rússia vá continuar insistindo em um estabelecimento de cessar-fogo na região, no estabelecimento de corredores humanitários, além de insistir para que os dois lados sentem-se a mesa para resolver essa situação”. Já o professor de direito internacional Manuel Furriela diz que mais uma vez o poder de veto impediu uma decisão considerada urgente. “A solução encaminhada pelo Brasil era muito consistente. Um plano sólido para favorecer a pacificação da região e para que conseguissem atender os direitos humanitários dos civis que estão sendo impactados pelo conflito”, explicou. Ao vetar a resolução brasileira na última semana, os Estados Unidos alegaram que no texto não tinha menção ao direito de Israel se defender. Para Furriela, o Conselho de Segurança da ONU ainda não tem assumido um papel de destaque sobre o conflito. Ele defende mudanças no órgão. “O mundo de 1945, quando foi criado esse conselho neste modelo, não está atualizado. Não só porque o Brasil poderia ser um forte candidato a ser membro permanente, mas também porque outros que não são contemplados, como a Alemanha e o Japão”. O especialista em relações internacionais Carlos Rifan prevê ampla discussão antes de qualquer modificação. “Os EUA estão mais fortalecidos do que nunca. Uma mudança se quer é cogitada nas conversas particulares, principalmente nesse cenário mundial que estamos vivendo”, comentou. Nesta terça-feira, 24, o Conselho de Segurança da ONU volta a debater o conflito entre Israel e Hamas.
Fonte: Jovem Pan.
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