A reabertura dos trabalhos na Câmara dos Deputados terá, oficialmente, a pauta econômica como prioridade – mas a agenda do bastidor é só uma: a sucessão para as presidências das duas Casas, Câmara e Senado, no ano que vem.
Ainda no começo de janeiro, Arthur Lira (PP-AL) fez chegar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que a comunicação com Alexandre Padilha (PT-SP) estava obstruída – e que líderes do Centrão só aceitavam negociar as pautas do governo com outro ministro. Na avaliação de Lira, diferentemente de 2023, Lula enfrentará um ano mais difícil na Câmara, principalmente por causa da eleição municipal, quando parlamentares estão voltados para as suas bases, e por conta dessa disputa interna pelos comandos das Casas.
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Já no governo, ministros ouvidos pelo blog da Andréia Sadi afirmam que está descartada a possibilidade de demissão de Alexandre Padilha – e que Lira quer conversar com Lula sobre a sua sucessão. Aliados de Lira afirmam que Lula teria se comprometido em apoiar o candidato apoiado pelo presidente da Câmara – ainda a escolher – mas não há, por ora, garantias desse apoio por parte do Palácio do Planalto.
Nas palavras de um ministro, Lula quer aguardar o ”desenrolar” dos acontecimentos. No páreo, no campo de Lira, estão Marcos Pereira (Republicanos), que é o atual vice de Lira e o deputado Elmar Nascimento. O Planalto prefere Pereira- mas quer evitar atritos com Lira.
A equipe econômica avalia que precisa lidar com Lira basicamente até julho – assim como faz a conta com Campos Neto, presidente do Banco Central, cujo mandato termina no fim de 2024 – e afirma que a relação será de ”corda esticada” até lá. Mas Haddad conta com o seguinte: o futuro político de Lira vai passar também pelas pautas que ele aprovar e pela capacidade de manter unida sua base.
Existe uma leitura do governo de que PSD e PDT podem se afastar do bloco de Lira, enfraquecendo o jogo de poder principalmente da sucessão. Lira, por sua vez, quer conversar com Lula para alinhar os próximos lances na Câmara.
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