Candidatos com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas disputas por prefeituras ficam atrás de rivais em cinco capitais quando se considera o desempenho entre eleitores evangélicos. O segmento se consolidou nos últimos anos como base eleitoral importante de Bolsonaro, que chegou a ter mais de 60% das intenções de voto entre os evangélicos no segundo turno de 2022, contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O levantamento do Jornal O Globo leva em conta os últimos resultados de pesquisas Quaest e Datafolha.
O desempenho abaixo do esperado de nomes mais próximos de Bolsonaro na base evangélica ocorre em meio à divisão da direita. É o caso de São Paulo, onde o aliado do ex-presidente, embora não apareça em desvantagem, tem concorrência acirrada nessa fatia do eleitorado. Outro fator que explica as dificuldades de bolsonaristas é a presença de prefeitos com boa avaliação geral nas disputas.
No Rio, por exemplo, o deputado federal Alexandre Ramagem (PL) aparece consideravelmente atrás do atual prefeito Eduardo Paes (PSD) entre os evangélicos. Segundo levantamento da Quaest, divulgado em julho, o aliado de Bolsonaro registra 21% das intenções de voto, ante 41% de Paes, que concorre à reeleição com apoio de Lula. Em junho, Ramagem tinha 14% no segmento religioso.
A distância é ainda mais ampla no Recife. De acordo a pesquisa Datafolha mais recente, de julho, o candidato à reeleição João Campos (PSB) tem 77% das intenções de voto do eleitorado evangélico. O bolsonarista Gilson Machado (PL), ex-ministro do Turismo, marca apenas 7% e disputa o segundo lugar com o ex-deputado federal Daniel Coelho (Cidadania), que tem 5% e empata na margem de erro.
Nessas duas capitais, o cenário entre eleitores evangélicos pouco difere do quadro geral de intenções de votos. No Rio, Paes aparece com quase 30 pontos percentuais de vantagem para Ramagem, conforme a média levantada pelo Rali, o agregador de pesquisas do Globo. No Recife, Campos também figura com mais de 70% das intenções de voto na média de todos os segmentos.
Além disso, Paes e Campos registram índices de aprovação em patamares que historicamente garantiram reeleições em suas cidades.
Em outras três capitais — Belo Horizonte, Manaus e Campo Grande —, candidatos apoiados por Bolsonaro também patinam entre evangélicos, em cenários que sugerem fragmentação da direita. Na capital mineira, Mauro Tramonte (Republicanos) lidera com folga neste segmento religioso, com 22 pontos percentuais de vantagem sobre o bolsonarista Bruno Engler (PL).
Engler soma 14% das intenções de voto entre evangélicos, segundo pesquisa Quaest divulgada em meados de julho. O percentual é similar ao registrado pelo senador Carlos Viana (Podemos), que tem 13%. Viana concorreu ao governo de Minas em 2022 pelo PL, partido de Bolsonaro.
Em Manaus, onde o segmento evangélico representa 40% da amostra da pesquisa Quaest, o candidato apoiado por Bolsonaro, Capitão Alberto Neto (PL), oscilou negativamente no último levantamento. Neto apareceu com 16% das intenções de voto entre os evangélicos, ante 20% registrados em maio.
Ele aparece atrás do prefeito e candidato à reeleição David Almeida (Avante), que marca 39% nesse segmento.
Em Campo Grande, o deputado federal Beto Pereira (PSDB), que é o nome de Bolsonaro na disputa, é o terceiro entre os evangélicos, com 13%. Rose Modesto (União) soma 34%, enquanto a atual prefeita Adriane Lima (PP), apoiada pela senadora Teresa Cristina (PP), ex-ministra de Bolsonaro, chega a 21%.
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