Em discurso de despedida do governo nesta segunda-feira, a ex-ministra da Saúde Nísia Trindade afirmou ter sido alvo de uma “campanha misógina” que “desvalorizou” seu trabalho à frente da pasta.
— Não posso esquecer que durante os 25 meses em que fui ministra uma campanha sistemática e misógina ocorreu de desvalorização do meu trabalho, da minha capacidade e da minha idoneidade. Não é possível e acho que não devemos aceitar como natural comportamento político desta natureza — declarou Trindade durante cerimônia que empossa o novo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, no Palácio do Planalto.
Nísia foi demitida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva do cargo de ministra no último dia 25. Com a popularidade em queda, o presidente escolheu para a cadeira o petista e ministro de Relações Institucionais do governo, Alexandre Padilha — um nome com mais experiência política, o que, na visão do Planalto, poderá impulsionar programas como o Mais Acesso a Especialistas, que busca ampliar acesso a consultas e exames. Lula avalia que essa iniciativa pode funcionar como uma marca da gestão.
— Podemos e devemos construir uma nova política, baseada efetivamente no respeito, e destaco o respeito a nós, mulheres, e no diálogo em torno de propostas para melhorar a vida de nossa população— reforçou a ex-ministra no discurso.
Após ser demitida, a ministra reclamou do “processo de fritura” que sofreu no processo.
A troca aconteceu após sucessivos episódios de desgaste envolvendo a então titular da pasta, substituída por Alexandre Padilha (PT).
Entre os pontos que fizeram a cientista social ser alvo de críticas estão a dificuldade de articulação política, a demora em tirar do papel o Programa Mais Acesso a Especialistas (PMAE), a epidemia de dengue, a gestão dos hospitais federais do Rio e o desperdício de vacinas.
Fonte: Folha de Pernambuco.