A eleição suplementar de Goiana tem revelado um cenário preocupante, que se assemelha ao que ocorreu no país em 2022. Mas, se na disputa nacional a polarização se concentrava entre bolsonaristas e lulistas, no município, o embate se dá entre os simpatizantes de Eduardo Batista e Marcilio Régio. Mais do que uma divergência natural, o que se vê é um radicalismo crescente que ameaça comprometer o debate e as reais necessidades da população.
A guerra de narrativas está instalada, principalmente nas redes sociais. Páginas de apoiadores se tornaram trincheiras para ataques mútuos, enquanto as notícias publicadas pela imprensa geram verdadeiras batalhas na seção de comentários. Nos grupos de WhatsApp, as acusações circulam e se espalham rapidamente, criando um clima de hostilidade constante.
O problema, no entanto, não se restringe apenas aos eleitores. Alguns agentes públicos, que deveriam manter uma postura equilibrada, deixam de lado o peso de seus cargos e gravam áudios carregados de ataques contra adversários. Soma-se a isso a atuação daqueles que, integrantes do governo anterior, se posicionam como opositores ferrenhos, tornando o debate ainda mais tóxico. Além dos embates acalorados nas sessões plenárias da Câmara entre Governo e Oposição.
Se há um alívio, é que, até o momento, essa radicalização se mantém nas redes sociais e ainda não avançou para confrontos nas ruas. Mas, com o acirramento das campanhas, há o risco de que essa hostilidade ultrapasse o ambiente digital e contamine a convivência social.
É necessário, portanto, resgatar a essência do debate político e colocá-lo no lugar certo: na apresentação de propostas e na busca por soluções. Como dizia Marcos Freire em sua campanha ao Senado em 1974, é preciso fazer política “sem ódio e sem medo”. Goiana precisa de projetos que impulsionem o desenvolvimento, gerem emprego e ampliem o acesso a uma vida de qualidade para todos. E isso só será possível se os eleitores entenderem que a disputa deve acontecer no campo das ideias e não no campo da intolerância.
AUSÊNCIA ESTRANHA
A falta de participação do PSOL no processo eleitoral de Goiana tem chamado atenção, repetindo o cenário de 2024. Agora, em 2025, a ausência do partido na disputa reforça a impressão de que a direção estadual tem sido indiferente ao município. Além disso, as disputas internas entre as tendências do partido têm causado prejuízos significativos à sigla.
O TOM DA VIOLA
O vereador e pré-candidato a vice-prefeito Pedro Henrique (REP) tem trazido um tom mais jovem à pré-campanha de Batista. Sempre presente nas agendas do pré-candidato, Pedro já começou a contribuir com sugestões e estratégias para fortalecer a caminhada eleitoral.
EXPECTATIVA
Suplente de vereador, Thiago Fenelon esteve muito perto de conquistar uma vaga na última eleição e agora mantém a expectativa de assumir o mandato. Caso Pedro Henrique seja eleito vice-prefeito na chapa de Eduardo Batista, Thiago herdará a cadeira na Câmara de forma definitiva. Mesma situação vive Orélio do Ovo se Batista vencer.
MAIS UMA PESQUISA
Após a pesquisa do Instituto Simplex, o DataTrends divulgará no próximo dia 19 de março mais uma rodada de números sobre a eleição suplementar em Goiana. A pesquisa trará um novo panorama da disputa entre Eduardo Batista e Marcílio Régio.
APOIO RELEVANTE?
Um dado curioso da pesquisa Simplex foi a menção ao apoio do ex-deputado federal Sebastião Oliveira a Eduardo Batista. Segundo os números, com esse apoio, Batista alcança 30% das intenções de voto. No entanto, a influência de Oliveira em Goiana é questionável, sugerindo que o crescimento de Batista se deve mais a sua própria trajetória do que à aliança com o ex-deputado.
DISPUTADO
Os vereadores Alexandre Carvalho, Ibson Gouveia, Cid do Caranguejo e Mário do Peixe, acompanhados do prefeito Eduardo Batista, se reuniram com Miguel Coelho, presidente do União Brasil em Pernambuco, para garantir o controle do partido no município—e, segundo eles, conseguiram. Enquanto isso, o ex-prefeito Eduardo Honório afirma nas redes sociais que a legenda continua sob seu comando.