O documento foi elaborado por petistas e partidos aliados, fruto de discussões lideradas pelo presidente da Fundação Perseu Abramo, Aloizio Mercadante. Integrantes de partidos federados, como o PCdoB e o PV, e aliados, como Solidariedade, PSB, Rede e PSOL, participaram das discussões sobre o documento. Mesmo assim, ele ainda pode receber emendas e substitutivos até a próxima quarta-feira (8). O documento ainda precisa da aprovação das instâncias partidárias.
Em um dos itens, a campanha propõe “recolocar os pobres e os trabalhadores no orçamento”.
– Para isso, é preciso revogar o teto de gastos e rever o atual regime fiscal brasileiro, que é disfuncional e perdeu totalmente sua credibilidade – diz o documento.
Em outra proposta, petistas e aliados afirmam defender a “revogação da reforma trabalhista feita no governo Temer e a construção de uma nova legislação trabalhista”.
Segundo o documento, a rediscussão do tema se daria por meio de uma “negociação tripartite, que proteja os trabalhadores, recomponha direitos, fortaleça os sindicatos sem a volta do imposto sindical, construa um novo sistema de negociação coletiva e dê especial atenção aos trabalhadores informais e de aplicativos”.
O ex-presidente Lula vinha amenizando o tom de seu discurso em torno da reforma trabalhista. E chegou a trocar o termo “revogar” por “revisar” a legislação aprovada no governo Michel Temer. No entanto, em uma reunião de lideranças petistas, o partido voltou a decidir que incluiria em suas propostas a revogação da reforma.
A prévia do programa de governo também inclui a oposição expressa às privatizações da Eletrobras, dos Correios e da Petrobras. E cita a retomada de investimentos no setor petrolífero.
– A Petrobras será colocada de novo a serviço do povo brasileiro e não dos grandes acionistas estrangeiros, ampliando nossa capacidade de produzir os derivados de petróleo necessários para o povo brasileiro, expandindo a oferta de gás natural e a integração com a petroquímica, fertilizantes e biocombustíveis – diz o texto.
Petistas e aliados afirmam ainda que irão retomar os investimentos no pré-sal. Em uma prévia de proposta de reforma tributária, o documento também prevê a “taxação de renda sobre os ricos”.
– Vamos colocar o pobre outra vez no Orçamento e os super-ricos pagando impostos – menciona outra parte do texto.
O programa também menciona a simplificação de impostos e a “criação de uma estrutura tributária mais simples e progressiva”.
O plano de governo petista ainda deve discutir uma reforma no sistema de Justiça. De acordo com o documento, mudanças no Judiciário acontecerão “em todos os seus níveis”.
– Deve ser aperfeiçoado, com a participação de todos os poderes da República e da sociedade, para promoção da cidadania, observando a prevalência da soberania democrática, a partir de um amplo debate nacional.
Advogados do Grupo Prerrogativas, composto por profissionais que são correligionários do ex-presidente e outros que defenderam réus de outros partidos na Lava Jato, afirmaram que devem levar propostas para mudanças no Conselho Nacional do Ministério Público e para reforçar a necessidade da inclusão do chamado juiz de garantias no sistema nacional de Justiça.
*AE