A mais recente pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira (4), revela que a avaliação do governo Lula permanece praticamente estável, mas traz sinais de alerta para o Palácio do Planalto. A aprovação do presidente caiu de 41% para 40%, enquanto a desaprovação oscilou de 56% para 57%. Apesar da aparente estabilidade, os números apontam uma tendência de desgaste em segmentos populares que tradicionalmente apoiam o petista.
Entre os grupos que mais sentiram essa virada estão os beneficiários do Bolsa Família — um dos principais pilares da base lulista — onde a aprovação caiu de 54% para 51%, enquanto a desaprovação permaneceu em 44%. Já entre os católicos, a desaprovação superou a aprovação pela primeira vez, com 53% contra 45%.
A pesquisa também mostra que a rejeição cresce entre mulheres (de 53% para 54%) e entre quem possui até o ensino fundamental (de 43% para 47%). Entre os que recebem até dois salários mínimos, a desaprovação saltou de 45% para 49%, sinalizando que o governo pode estar perdendo força entre os eleitores mais vulneráveis economicamente — justamente aqueles que mais sentem os impactos de medidas sociais e econômicas.
Os grupos que concentram os maiores índices de reprovação seguem sendo os evangélicos (66%), os moradores do Sudeste (64%) e os que ganham acima de cinco salários mínimos (61%). Em contrapartida, a aprovação se mantém mais alta entre os nordestinos (54%), idosos com 60 anos ou mais (52%) e a população preta (51%).
Segundo o cientista político Felipe Nunes, CEO da Quaest, a visibilidade de escândalos recentes, como os problemas no INSS, tem ofuscado os avanços econômicos e o lançamento de novos programas do governo. “A forte repercussão de notícias negativas tem diminuído o efeito positivo da economia”, afirmou.
O levantamento ouviu 2.004 brasileiros com 16 anos ou mais, entre os dias 29 de maio e 1º de junho, em entrevistas presenciais. A margem de erro é de dois pontos percentuais e o nível de confiança da pesquisa é de 95%.
Mesmo com a estabilidade nos números gerais, a oscilação em faixas antes mais favoráveis mostra que o governo Lula precisa reforçar sua comunicação e ações concretas para reconquistar setores importantes do eleitorado, sob risco de ver sua base tradicional se fragmentar.