O Ministério Público Federal (MPF) abriu investigação para apurar denúncias de assédio sexual feitas por funcionárias da Caixa Econômica Federal contra o presidente da instituição Pedro Duarte Guimarães. A abertura da investigação, que está em andamento sob sigilo, foi confirmada pelo Estadão.
Cinco funcionárias relataram as abordagens inapropriadas do presidente do banco. A revelação das denúncias foi feita pelo site Metrópoles, ontem.
Dentro do banco, a avaliação é de que a situação do executivo ficou insustentável após a abertura da investigação, e ele pode deixar o cargo ainda nesta quarta-feira, 29. Na noite de ontem, a Caixa informou que o pronunciamento e a coletiva de imprensa com Guimarães, previstos para hoje, foram cancelados. O banco promoverá um evento em Brasília para tratar da estratégia para o Plano Safra 22/23. Além de fazer um pronunciamento, Guimarães responderia a perguntas de jornalistas. A Caixa não informou o motivo dos cancelamentos.
Segundo um dos relatos feitos ao site, uma funcionária diz que o presidente do banco teria passado a mão em suas nádegas. Em outro caso, o executivo teria convidado outra funcionária para dentro de seu quarto de um hotel, para entregar o que fora pedido, quando pediu a ela para tomar um banho e voltar para conversar sobre a carreira em seu quarto.
Em outra viagem, segundo o site, Guimarães teria colocado o celular e a chave do seu quarto do hotel no bolso de uma funcionária e dito a frase “vou botar aí na frente”.
Não é a primeira vez que o nome do executivo aparece associado a denúncias de assédio. No primeiro ano do governo, em 2019, Guimarães teria sido flagrado junto com uma funcionária do banco dentro do carro no estacionamento na sede da instituição. A denúncia, no entanto, não foi à frente.
Procurado pelo Estadão, o Ministério Público Federal afirmou que não fornece informações sobre procedimentos sigilosos. A Caixa não respondeu aos questionamentos do Estadão até a publicação desta reportagem.
Em nota enviada ao Metrópoles, a Caixa informou que não tem conhecimento sobre as denúncias de assédio sexual contra Guimarães e que tem protocolos de prevenção contra casos de qualquer tipo de prática indevida por seus funcionários.
“A Caixa não tem conhecimento das denúncias apresentadas pelo veículo. A Caixa esclarece que adota medidas de eliminação de condutas relacionadas a qualquer tipo de assédio. O banco possui um sólido sistema de integridade, ancorado na observância dos diversos protocolos de prevenção, ao Código de Ética e ao de Conduta, que vedam a prática de ‘qualquer tipo de assédio, mediante conduta verbal ou física de humilhação, coação ou ameaça’, informou, em nota ao site.
Notificação por flexões
No fim do ano passado, durante um evento de metas, Guimarães pediu que funcionários da Caixa fizessem flexões de braço. À época, o Sindicato dos Bancários do ABC ligou a conduta do presidente da Caixa à do presidente Jair Bolsonaro.
O Ministério Público do Trabalho no Distrito Federal notificou Guimarães e recomendou que o presidente da instituição se abstenha de submeter os colaboradores a casos de mesmo teor e outras ‘situações de constrangimento no trabalho’ sob pena de abertura de um procedimento investigatório e adoção de medidas para correção da conduta, sem embargo de responsabilizações civil, criminal e administrativa’.
O texto do Ministério Público do Trabalho no Distrito Federal destacou que o gesto consistia em violência psicológica, tendo o ‘condão de produzir graves consequências à saúde mental dos trabalhadores’.