A mais nova tecnologia do Banco Central, o Real Digital, versão eletrônica da moeda brasileira começou a sua fase de testes no último dia 6 de março e é considerada pelo próprio presidente da instituição, Roberto Campos Neto, como uma evolução do Pix, sistema de pagamentos que caiu no gosto popular e tem batido recordes de transações.
Para o analista da Estoa especializado em criptomoedas, Matheus Amancio, essa inovação trará inúmeros benefícios para a população brasileira, e aumentará a segurança nas transações financeiras. “A principal vantagem é que o Real Digital permitirá uma agilidade maior nos pagamentos, mas também se destaca o fato das transações não passarem por intermediários, o que evita as chances de fraudes graças a tecnologia blockchain”, afirma.
A chegada do Real Digital em solo brasileiro marcará uma nova era na economia brasileira, denotando um avanço nos sistemas financeiros que já receberam novidades como o Pix e o Open Finance recentemente, e trará também novas possibilidades para os usuários com um sistema mais independente, sem um banco ou outra instituição intermediando.
Amancio acredita que a moeda virtual também será uma boa opção para o Banco Central brasileiro também na parte de custo benefício, “essa digitalização vai trazer uma série de benefícios até mesmo para o sistema financeiro nacional. Com a redução da emissão de dinheiro em espécie, os custos de produção diminuirá”, diz.
Embora seja uma moeda eletrônica, as Moedas Digitais de Banco Central (CBDC, na sigla em inglês) são diferentes das criptomoedas que se popularizaram no mundo nos últimos anos. O analista da Estoa pontua duas diferenças principais entre as duas: emissão e valor.
“O Real Digital será emitido e regulado pelo Banco Central e custeado pelas autoridades monetárias, enquanto as criptos são descentralizadas e trabalha com a questão de oferta e demanda na comunidade dos seus usuários”, apontou Amancio.
Fim do dinheiro físico
Desde o surgimento do Pix no final de 2020, a circulação de moeda em espécie já caiu consideravelmente, sendo que em 2021 o volume teve o primeiro recuo da história desde que foi lançado o Plano Real em 1994, segundo dados do BC. Ao todo foram R$ 40 bilhões em espécie que deixaram de circular no país.
O caminho para que haja uma mudança completa no panorama até o Real Digital substituir o dinheiro em espécie, no entanto, ainda pode ser longo. De acordo com Amancio, a possibilidade levantada pelo presidente do BC ainda em 2020, durante o lançamento do Pix, deve acontecer aos poucos.
“Acredito que o Real Digital consiga ter a mesma ou até mais popularidade que o Pix com o passar do tempo, mas uma substituição do real deve demorar alguns anos em virtude da quantidade de brasileiros desbancarizados”, explica
Mesmo com todos os avanços e a pandemia, que fez com que milhões de pessoas abrissem contas em bancos, atualmente 16% da população ainda é desbancarizada. Ao tentar estipular um prazo, o analista da Estoa afirma que para que haja uma substituição do dinheiro físico esse número teria que reduzir ainda mais e para isso seria preciso no mínimo cinco anos.
Mas até que chegue a fase de lançamento o Banco Central ainda irá promover uma série de testes para atestar e validar a segurança da nova ferramenta antes de que as primeiras moedas sejam emitidas.
O processo de experiências do Real Digital teve a sua primeira fase encerrada no mês passado. O Lift Challenge, como foi chamado, contou com empresas como Visa, Itaú, Mercado Bitcoin e Microsoft, entre outras, para testar a moeda e ajudar a desenvolvê-la com segurança.
Segundo o cronograma oficial do Banco Central brasileiro, essa fase de testes com o Real Digital atacado e varejo deve durar até o final deste ano, com a previsão de que a partir do ano que vem comecem os testes com a categoria que será responsável por transações de títulos públicos federais (TPF), para a partir daí se preparar para um lançamento no final do ano.
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